A ESCOLA ALEMÃ, A LÍNGUA PORTUGUESA E AS GRAMÁTICAS DOS
IMIGRANTES
*José Luís Félix (UNESP/Assis)
A
imigração alemã para o Brasil tem permitido variadas leituras e interpretações.
Abordagens históricas, preservação da memória, estudos socio-econômicos, investigações
genealógicas e teológicas, pesquisas sobre o sistema educacional e estudos diversos são apenas algumas
amostras deste produtivo objeto de pesquisa. Estreitam-se, mais recentemente,
as abordagens que interligam a Escola Alemã no Brasil, seus materiais didáticos
e seus conteúdos curriculares. Pretendemos neste artigo explorar a relação
existente entre questões educacionais e a língua portuguesa, mais
especificamente, as gramáticas da língua portuguesa elaboradas e publicadas
pelos imigrantes alemães no Brasil.
Willems
(1980, p.42) reconhece oficialmente o início da imigração alemã como aquela que
"partindo de São Leopoldo em 1824, [...] estende-se, nos decênios subseqüentes, a noroeste (Feliz, 1845), leste
(Mundo Novo, 1847) e sudoeste (Montenegro, 1840) de São Leopoldo". De
fato, apesar de iniciativas anteriores, foi esta no Rio Grande do Sul que
estabeleceu o ano de 1824 como marco inicial da colonização alemã no Brasil e a
data da chegada dos primeiros colonos, dia 24 de julho, como "Dia do Colono".
Em Santa Catarina, Seyferth (1974, p.30) considera 1828 como ano da chegada dos
primeiros imigrantes alemães, mas pode-se afirmar que o início da colonização
alemã catarinense acontece em 1829 com a fundação da Colônia São Pedro de
Alcântara. A colonização alemã no Brasil continua, a partir destes marcos, em
diferentes regiões do país, mas seu desenvolvimento mais contundente acontece
mesmo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. É neste espaço geográfico que
os imigrantes alemães vão desenvolver seus vínculos mais fortes com o
patrimônio cultural alemão e brasileiro.
Após
o assentamento, os alemães começaram a organizar uma estrutura comunitária que
incluía basicamente a construção da Igreja e da Escola. Estas duas instituições
representam a espinha dorsal do sistema. "Quem mexesse nela, intrometia-se
no próprio santuário no qual se guardavam e se perpetuavam os valores culturais
cultivados durante séculos" (RAMBO, 1994, p.7).
O
desenvolvimento da Escola Alemã no Brasil acelerou-se no final do século XIX e
a multiplicidade de instituições escolares – comunitárias, rurais, urbanas,
particulares, leigas e religiosas – contribuiu para a configuração de um
sistema escolar diversificado, cujo elo de ligação era a língua e a cultura
alemãs. O auge deste sistema concentra-se nas primeiras décadas do século XX.
Kreutz (1994) menciona que os imigrantes alemães organizaram uma rede de 1.041
escolas comunitárias com 1200 professores em apenas duas décadas: 1920/1930.
Tratava-se de um sistema educacional em pleno funcionamento, cuja filosofia
central era ensinar conteúdos vinculados à realidade do aluno, com material
didático próprio. Destes conteúdos programáticos constam a língua portuguesa e
destes materiais didáticos, as gramáticas da língua portuguesa dos imigrantes.
A produção dos livros para a Escola Alemã intensificou-se na medida em que se percebia que os livros importados não eram adequados para seu público alvo. A necessidade de ter conhecimento acerca da nova pátria, de dominar o idioma dos seus futuros descendentes e, lentamente, conquistar a cidadania brasileira, estimulava cada vez mais a confecção dos livros escolares. Assim, cartilhas para alfabetização, livros de matemática, de religião e de canto foram produzidos no Brasil, ainda que em alemão, na grafia gótica e de acordo com tradição tipográfica alemã. Adequavam-se, em parte, a certas especificidades do ambiente em que passaram a viver os imigrantes. Para promover o conhecimento do português, são publicadas primeiramente algumas cartilhas. Logo depois, surgem livros didáticos sobre a língua vernácula, acompanhados de exercícios e respectivas soluções. Mais tarde aparecem as gramáticas da língua portuguesa.
A
analise do currículo aponta um predomínio da língua alemã em detrimento da
língua portuguesa no início do desenvolvimento da Escola Alemã. Posteriormente,
verifica-se que se dá uma inversão neste quadro: a carga horária do português
cresce e há um equilíbrio entre o ensino destas línguas. Este fato não acontece
fortuitamente, pois a conjuntura politico-administrativa conduz a um processo
lento e seguro de nacionalização da Escola Alemã.
Rambo
(1994, p.127) menciona que, no início da Escola Alemã, o currículo correspondia
àquilo que os colonos achavam que a escola devesse ensinar, conforme suas necessidades
básicas: o ensino elementar do catecismo, da Bíblia, da escrita e da
aritmética, dos cálculos para o dia a dia, além de cantos religiosos e
profanos.
O ensino da Língua
Portuguesa começava no 3º ano. Era ministrado de acordo com o recém publicado
livro Sabe Falar Português?. Consistia em exercícios
de leitura, de escrita, de tradução, de cálculo e, se possível, também de
exercícios de conversação. Com o ensino dessa língua pretendia-se fornecer o
ponto de partida para um futuro aprendizado da língua nacional. Os resultados
de cada escola dependiam das circunstâncias locais. (MITTEILUNGEN apud RAMBO,
1994, p.137)
Com
o debate a partir de 1900 acerca do currículo, surgem na Escola Alemã suas principais polêmicas. Acentuava-se sua
contradição cultural. Egon Schaden afirma que "de um lado, os colonos
compreendiam a conveniência de se integrarem ao meio nacional; do outro,
procuravam transmitir às novas gerações os valores e padrões de sua
cultura" (SCHADEN apud RAMBO, 1996, p.66).
O
debate entre os integrantes da Escola Alemã realçava o dilema de ensinar ou não
o português. Alguns depoimentos enfatizam a polêmica:
Aqui no Brasil se encontra a
pátria de nossos filhos; aqui no Brasil irão viver, trabalhar e morrer. E sem
entender a língua da terra? (...) Caso não queiram sucumbir na luta pela vida,
eles têm que saber Português e devem saber bem o Português. (PROF. STRECKER
apud RAMBO,1996, p.180)
De outra parte, o português,
como língua oficial do país, consagrava, por assim dizer, em definitivo e perante
a sociedade o filho do imigrante como cidadão brasileiro. Não ser capaz de
entender a língua oficial e não se fazer entender nela resultava freqüentemente
em situações constrangedoras. Que o digam os recrutas da época. A partir da
metade da década de 30, generalizou-se a convicção de que o desconhecimento do
vernáculo conferia às pessoas uma
cidadania de segunda classe. (...) O professor nessas condições obrigava-se a
dominar, a um nível ao menos razoável, as duas línguas. (RAMBO, 1996, p.183)
Em
contrapartida, o ensino do português era concebido por alguns como algo que
"deve ser ensinado, mas nunca colocado em primeiro plano. Se isto
acontecer, o espírito alemão enfraquecerá e o espírito da indolência e da
preguiça será introduzido diretamente na escola teuto-brasileira, tal como
existe em muitas escolas públicas" (KALENDER FÜR DIE DEUTSCHEN IN
BRASILIEN, 1920 apud RAMBO, 1996).
Na
realidade, a questão do domínio da língua portuguesa sempre permeou a discussão
sobre a nacionalidade alemã em território brasileiro. De um lado, havia
imigrantes e descendentes que defendiam o imediato aprendizado do vernáculo
como necessidade de integração na sociedade local e como forma de assegurar
igualdade de cidadania. De outro, aqueles que viam neste aprendizado um risco à
sua nacionalidade alemã. Aprendendo português poderiam esquecer o alemão e,
consequentemente, negar suas origens.
Conforme
o momento histórico, esta polêmica foi mais ou menos forte. Enquanto imigrantes
e descendentes não tinham necessidade de saber o português, como durante o
Império, quando as colônias estavam isoladas e eram auto-suficientes, a questão
era insignificante. Entretanto, no início da República o problema causa
inquietação: como poderia ser brasileiro quem não falasse o português? O auge
desta polêmica coincide com acontecimentos que precedem a segunda Grande
Guerra.
Neste
contexto, as gramáticas representam uma alternativa a essa dicotomia: seria
possível aprender o português sem perder as características alemãs. O projeto
alternativo atingia não só o imigrante ou seu descendente, na sua
individualidade, mas também suas instituições. Havia necessidade de integrar as
escolas e associações na sociedade brasileira. Isto seria impossível sem o
domínio do português.
Desta
forma, as gramáticas dos imigrantes alemães surgem com objetivos implícitos e
explícitos. Expressamente pretendem apresentar o português aos que não o
conhecem, aos que tem dificuldades com o idioma e aos que pretendem um
aperfeiçoamento nesta língua. Indiretamente contribuem para a discussão
metalingüística tanto do alemão quanto do português, carregando características
da língua falada no Brasil e atuando na pedagogia das línguas estrangeiras.
No
acervo bibliográfico dos imigrantes alemães e de seus descendentes no Brasil
encontram-se diversas obras sobre a língua portuguesa. São gramáticas, manuais,
livros de leitura e cartilhas que foram escritos, editados e publicados dentro
e fora do Brasil. Félix (2004), em um primeiro levantamento a partir de sebos e
acervos particulares, revelou obras publicadas no exterior, como por exemplo, “Portugiesische Grammatik” (J.P. Anstett,
Leipzig, 1921), “Portugiesisch-brasilianischer
Dolmetscher” (E. T. Bösche, Hamburg, 1892), e O Brasileiro (G. Eilers, Heildelberg, 1930). As obras mais
representativas acerca da língua portuguesa, elaboradas pelos imigrantes e
publicadas no Brasil, foram as de Carl Jansen (1863), Friedrich Bieri (1876),
Wilhelm Rotermund (1897), Rudolf Damm (1901) e Georg Büchler (1914).
Carlos
Jacob Antônio Cristiano Jansen (1829-1889) era natural de Colônia, Alemanha e
foi escritor e jornalista, tendo pertencido ao grupo de imigrantes militares
conhecidos como Brummer. Viveu no Rio Grande do Sul, Buenos Aires e Rio de
Janeiro. Sua gramática intitula-se “Neuestes
praktisch-theoretisches Lehrbuch der Portugiesischen Sprache”, sendo a 12a
edição publicada pela Casa Gomes Pereira, na cidade do Rio de Janeiro, em 1926.
A primeira publicação de sua gramática data de 1863. Publicou, ainda, inúmeras
outras obras como O Patuá, um romance
regionalista. No Rio de Janeiro, fundou o Colégio Jansen e mais tarde prestou
concurso e foi nomeado professor de língua e literatura alemã no Colégio Pedro
II.
Friedrich
Bieri (1844-1924) era suíço, natural do cantão de Berna e formou-se pastor
naquele país. Emigrou para o Brasil com o objetivo de ajudar a missão do pastor
Rotermund. Chegou à cidade de São Leopoldo/RS no ano de 1871 e depois fundou o
Colégio Esperança. Por causa de sua boa reputação como professor, assumiu vaga
na Escola Normal. Lecionou desenho, língua alemã e música. Sua gramática
chama-se “Deutsches Lehr- und Lesebuch
für Brasilien. Mit einer Anleitung zur Erlernung der portugiesischen Sprache”, cuja primeira edição data de 1876.
Georg August Büchler (1884-1962) nasceu
em Steinnach, Hessen, Alemanha. Freqüentou escolas em Darmstadt e
formou-se em 1904 em pedagogia e em música. No ano seguinte, emigrou para o
Brasil e assumiu a Escola Nova Alemã, em Blumenau, lecionando inglês e
matemática. Posteriormente, assumiu a cadeira de Língua Portuguesa. Sua
gramática chama-se “Portugiesisches
Sprachbuch für Kolonieschulen” e teve duas edições, em 1914 e 1924, pela
Koehler, na cidade de Blumenau. Sua gramática encerra-se com a tradução da
“Canção do Exílio” de Gonçalves Dias, feita pelo seu antecessor Rudolf Damm.
Destaque
merecem as obras de Wilhelm Rotermund e Rudolf Damm:
Hermann
Wilhelm Rotermund (1843-1925) estudou na Faculdade de Teologia da Universidade
de Erlangen. Em 1866, em Göttingen, produziu sua primeira obra Jesus Christus. A partir de 1868
trabalhou como professor. Doutorou-se em
Jena com o trabalho “Die Ethik Laotses
mit besonderer Bezugsnahme auf die buddhistische Moral”.[1] Casou-se com Marie Brabandt, emigrando em 1874 para o Brasil.
No
Brasil, acompanhou em 1877 a liquidação da “Sociedade Sinodal de Livros” e
fundou a Livraria Evangélica (Evangelische Buchhandlung) que se tornou “Editora
Rotermund”. Segundo Fausel (1936, p.41),
Rotermund empolgado escreve ao cunhado:
Morgen werde ich wohl länger
oben bleiben, um ein kleines Rechenbuch für den Druck fertig zu machen mit dem
Lehrer in Lomba Grande. Im vorigen Jahr ließen wir eine Fibel drucken, in
diesem Jahr ist ein Hilfsbuch zur Erlernung der portugiesischen Sprache[2] von uns herausgegeben. Nächstens
kommt ein Rechenbuch und, so Gott will, auch ein Kalender. Das gibt viel zu
schreiben. Mir tut der Arm schon weh.[3]
A
primeira publicação da editora e também o primeiro livro escolar dos alemães no
Brasil e que era de autoria de Rotermund foi a Fibel für deutsche Schulen in Brasilien - Cartilha para as escolas alemãs no Brasil -, em 1878, com dezenas
de reedições. Trata-se de uma cartilha para alfabetização das crianças, filhos
de imigrantes alemães, e que, na época, recebeu avaliação positiva de inúmeros
professores das Escolas Alemãs no Brasil. Segundo Kreutz (1994, p.94), como
anexo da cartilha foi publicado em 1879 o texto d' A Orthoepia da Lingua Portuguesa em exercícios para as escolas allemãs
no Brasil.
Em 1881, Rotermund iniciou a publicação do Kalender für die Deutschen in Brasilien - Almanaque para os Alemães no Brasil, que em 1917 atingiria a cifra de 25.000 exemplares. Em 1883 publicou Katechismus der christlichen Religion - Catecismo da religião cristã. Em 1886, Rotermund organizou as comunidades evangélicas em torno do Sínodo Riograndense. Em 1891, apareceu seu Lesebuch für Schule und Haus - Livro de leitura para escola e casa.
A
atuação do Pastor Rotermund volta-se para a formação do imigrante alemão e de
seus descendentes, quer na Igreja Luterana, quer na Escola Alemã.
Die Schule ist neben der Kirche
eine der Grundbildungsstätten des Volkes und zum Besten unseres
Auslanddeutschtums von ausschlaggebender Bedeutung. In dieser Erkenntnis hatte
er es sich zur Aufgabe gestellt, unsere zum grössten Teil auf der primitivsten
Stufe stehenden Schulen mit den hiesigen Verhältnissen angepassten guten und
der materiellen Not entsprechend billigen Schulbüchern zu versehen.[4] (Rotermund, 1917b, p.1)
Em 1897,
Rotermund publica sua “Vollständige
Grammatik der portugiesischen Sprache in Regeln und Übungsstücken” - Gramática completa da língua portuguesa em
regras e exercícios. Em 1899, edita seu livro de geografia com o
título “Geographie - Leitfaden für den
Elementarunterricht” - Geografia -
Guia para o Curso Primário. Em
1905, Rotermund publica as soluções dos exercícios de sua gramática: “Schlüssel zu den Übungsstücken der
'Vollständigen Grammatik der portugiesischen Sprache'”.
Além
destas obras, Rotermund continuou publicando inúmeras outras sobre religião,
matemática, história e temas diversos. Há também uma infinidade de artigos em
periódicos. O trabalho envolveu a participação de intelectuais e colaboradores,
do Brasil e da Alemanha: "Es ist nicht alles gut, was von drüben
kommt" - "Nem tudo o que vem de lá (da Alemanha) é bom".
(Rotermund, 1917b, p.2)
A
gramática de Rotermund é um conjunto de observações lingüísticas sobre alguns
tópicos da língua portuguesa. Tem uma natureza especial: são observações feitas
por um pastor luterano, alemão, que, ao assumir uma missão religiosa no sul do
Brasil, viu-se na obrigação de aprender a língua portuguesa e passou a refletir
sobre este sistema lingüístico em contraste com o alemão. A obra de Rotermund
revela interação entre o ambiente social em que ele se encontrava, o peso
institucional que representava e sua formação intelectual.
No
artigo “Deutsche in Brasilien” - Alemães no Brasil, Rotermund ressalta a
importância da tradição alemã e justifica a boa reputação dos alemães naquela
época:
Jeder gibt sich so, wie er von
Natur und Erziehung aus geworden ist. Nun wird ganz allgemein eingestanden, daß
die Deutschen sich durch ihr Auftreten und ihr Arbeiten im Hause, auf dem
Felde, im Geschäft, in den Fabriken, in Schule und Kirche und staatlichen
Aemtern, im Privatverkehr und in Gesellschaften allgemeine Achtung, ja oft
genug hohen Ruhm erworben haben..[5] (ROTERMUND apud JUENEMANN, 1929, p.31)
No
mesmo texto, Rotermund explica o por quê desta "boa reputação" dos
alemães:
Nichts anderes als ihr
Deutschtum, d. h. weil sie deutsch sprechen, deutsch denken, deutsch leben,
deutsche Sitten und Gewohnheiten, deutsche Triebkraft und Ideale haben. So
lange sie dieses ihr Deutschtum bewahren, werden sie immer Hervorragendes
leisten trotz ihrer geringen Anzahl. Geben sie dies auf, so wird es ihnen gehen
wie den verschiedenen Stämmen der Germanen, [...], weil auch sie sich die
Tochtersprachen der Römer aneigneten und damit in den Anschauungen und der
Lebensweise der Romanen aufgingen..[6] (Ibid., p.31)
A
manutenção deste patrimônio cultural aparece vinculada à preservação da língua
alemã. Ainda no mesmo artigo, constata-se que Rotermund reconhece que os
alemães podem aprender com outras culturas, mas a língua alemã é o único
veículo de transmissão e preservação do patrimônio cultural alemão.
Selbstverständlich ist es
empfehlenswert,[...], daß jeder Deutsche auch die portugiesische Landes- und
Amtssprache erlerne. Wer sie aber zur Familiensprache und dadurch für seine
Kinder zur Muttersprache macht, der hat seinerseits einen sehr verhängnisvollen
Schritt zur Schwächung des deutschen Stammes in unserm Vaterlande Brasilien
getan. Wohl sollen unsere Kinder in den Schulen mit der Sprache und der
Geschichte des Landes bekannt gemacht werden, aber vor allem sollem sie die
Sprache und die Geschichte des eigenen Stammes lernen; und was ihnen von
unserer christlichen Religion, von deren Geschichte, Lehren und Glaubenssätzen
mitgeteilt werden muß, kann nur in deutscher Sprache geschehen.[7] (Ibid., p.31-2)
A
biografia de Rotermund atesta em parte o empenho para preservar o patrimônio
cultural alemão, mas não por um viés dogmático[8]. Segundo Fausel (1936, p.239)
Für Dr. Rotermund war das
evangelische Christentum vom Deutschtum gar nicht zu trennen; nicht nur weil
ihm das in Rio Grande in seinem Deutschtumskampf paßte, sondern weil er die
Verschmelzung von deutsch und evangelisch für geschichtlich, psychologisch und
wesenhaft begründet hielt. [9]
Até
mesmo a idéia de que os alemães e imigrantes no Brasil preservariam sua
tradição se não abandonassem sua língua materna encontra-se ligeiramente
modificada em Rotermund. O contato com a literatura e história brasileiras, o
trabalho em prol de um sistema escolar, suas publicações e edições,
especialmente seu esforço em fazer de sua Gramática
Completa uma Gramática Sistemática ou
Científica, já no final de sua vida, sinalizam uma opção pelo Brasil e pela
causa evangélica entre os imigrantes alemães. Segundo Dreher (1984, p.93)
“Rotermund é, pois, capaz de conceber uma Igreja evangélica de língua
portuguesa”.
Todo
empreendimento dedicado à Escola Alemã e aos livros escolares, assim como suas
publicações demonstram
[...]die Liebe für das
Deutschtum und den Kampf um die Reinhaltung unserer deutschen Sprache, denn
verlieren wir diese, dann gehen wir unter im Völkergetriebe und sind nichts
weiter wert, als eben Kulturdünger" zu sein, aber nie mehr Mitarbeiter an
der Aufwärtsentwicklung der Welt.[10] (Rotermund, 1917, p. 2)
O
processo de aculturação já se realizava em grupos de outros imigrantes, como no
caso dos italianos, e tenderia a ser evitado pelos alemães. Entretanto, a
produção de Rotermund para incentivar o conhecimento da cultura e da língua dos
brasileiros demonstra uma filosofia distinta daquela tendência. Diz o pastor: “Das
Deutschtum geht dadurch nicht zu Grunde, wenn man die portugiesische Sprache
lernt, sondern dadurch, dass man die eigene vernachlässigt". (ROTERMUND
apud FAUSEL,1936: p. 48) [11]
Ao
mesmo tempo em que defendia a necessidade da língua alemã, num contexto
polêmico de Guerra Mundial (1914-1918), em que a Alemanha era a principal
envolvida, Rotermund empenhava-se em mostrar o valor do português. O
reconhecimento do status da língua portuguesa, especialmente frente aos alemães
mais críticos, é transcrito da seguinte maneira: “Die richtige portugiesische Sprache ist keine Negersprache, sondern
eine sehr schöne Kultursprache“. (ROTERMUND apud FAUSEL, 1936:48) [12]
Fausel
lembra que os livros sobre o português, entre eles a gramática, ocuparam a
maior parte dos estudos do Dr. Rotermund. A esse propósito escreve Fausel:
“Er war vielmehr einer der ganz
wenigen Deutschen von drüben, die ihre Lebensaufgabe in Brasilien sahen, die
mit allen Kräften ihres Geistes und Willens den Brasilianer zu verstehen
suchten, die seine Sprache meisterhaft beherrschten - und die trotzdem, ja eben deshalb die
besten Deutschen blieben“. (1936: p. 48)[13]
Outro importante gramático imigrante, mas representante da colonização em alemã em Santa Catarina foi Paulo August Rudolf Damm (1858-1915). Era filho do pintor Rudolf Damm. Interrompeu seus estudos de Filologia, em Munique, devido a problemas financeiros de seu pai. Tornou-se, então, professor por meio de exame em Leipzig (BONOW, 1991:214). Damm casou-se em março de 1887, com Ida Hachmann e, no dia seguinte, emigrou para o Brasil. Viveu primeiramente em Joinville e depois em Desterro (Florianópolis/SC), atuando como professor na Escola Normal e no Ginásio Santa Catarina. Em dezembro de 1896 mudou-se para Blumenau, onde passou a atuar como professor, intérprete público e auxiliar escrevente de tabelião.
Damm
foi colaborador do “Der Urwaldsbote”
- O Mensageiro da Floresta, uma
publicação dos imigrantes alemães em Blumenau/SC, que lhe rendeu homenagem após
seu falecimento:
Rudolf Damm era um profundo
conhecedor da língua portuguesa. Suas traduções para o alemão garantiam-lhe a
posição previlegiada (sic) entre os tradutores de obras literárias brasileiras
e que também mereciam apreciações e aplausos na Alemanha. Nós do "Der
Urwaldsbote" trouxemos muitas de suas poesias e quem se recorda da
canção "Aus blauen Wogen steigt ein
Land" (das ondas azuis surge uma terra) que escreveu em homenagem a
nova pátria. A associação dos professores igualmente lamenta profundamente o
desaparecimento de seu membro honorário. (DER URWALDSBOTE, 1915/59 apud AHB)
Foi
em Blumenau, no ano de 1901, que Damm publicou o “Lehrbuch der Portugiesischen Sprache” – Manual da língua portuguesa, destinado aos professores das escolas
das colônias que não dominavam esta língua, principalmente a pronúncia, embora
conhecessem bem as regras gramaticais e a ortografia da língua portuguesa
(KILLIAN, 1960).
No campo literário, Killian (Ibid., 108)
afirma que "Ausser vielen
Erzählungen und Novellen hat Rudolf Damm eine beträchtliche Anzahl von
Gedichten geschrieben, in denen er unsere herrliche Landschaft und die Arbeiten
der Kolonisten besang"[14] É o que demonstra seu poema "Mein Vaterhaus"
em que trata da beleza e riqueza das terras brasileiras. Em "Die Pioniere" registra o trabalho
dos imigrantes alemães e exalta sua nacionalidade alemã:
Und ernten des Feldes Frucht;
Sie wölben Brücken und Stege
Keck über des Gießbachs
Schclucht;
Sie regen die rauhen Hände
Rastlos bei Tag und bei Nacht,
Wohin das Auge sich wendet,
Ist neues Leben erwacht.[15]
Sua
produção lírica encontra-se publicada nos jornais e periódicos que circulavam
nas áreas de colonização alemã. Traduzia poesias da língua portuguesa como as
que publicou no ano de 1907, no Jornal de
Blumenau: dois sonetos de Cruz e Souza, três de Araujo Figueiredo e a
“Canção de Exílio” de Gonçalves Dias. Encontramos ainda "Brasilien - Kantate von Olavo Bilac"
traduzido por Damm e publicado em 1929 no “Gedenkbuch
zur Jahrhundert-Feier deutscher Einwanderung in Santa Catharina”, em
Florianópolis.
Traduziu
para o alemão obras literárias de escritores brasileiros consagrados e
contribuiu para a difusão, entre alemães e descendentes, das obras de Cruz e
Souza, Araujo de Figueiredo, Gonçalves Dias, Olavo Bilac, José Bonifácio,
Fagundes Varella, entre outros. (KILLIAN, 1960, p.108)
Wildherr
(1918, p.85) escreve sobre a natureza do escritor Damm e sobre seus objetivos:
All seiner Tätigkeit als Lehrer
und Schriftsteller setzte er die Devise voraus "für mein deutsches
Volkstum in der neuen Heimat". Nur von diesem einen Gedanken geleitet war
er unermüdlich tätig, die breite Masse seiner Volksgenossen in der neuen Heimat
näher mit all dem Schönen vertraut zu machen ... und so hat er viele
Stimmungsbilder und Gedichte in vollendeter Weise aus dem Potugiesischen ins
Deutsche übertragen.[16]
A
paixão de Rudolf Damm pela língua portuguesa transparece no final de sua
gramática, quando cita o seguinte trecho de Francisco Rodrigues Lobo:
[...] tem de todas as
línguas o melhor: a pronunciação da latina, a origem da grega, a familiaridade
da castelhana, a brandura da franceza e a elegancia da italiana. Tem mais
adagios e sentenças que todas as vulgares, em fé da sua antiguidade. (LOBO,
apud DAMM, 1901, p.178)
A gramática de Damm é um conjunto de regras gramaticais que correlacionam o português e o alemão. Inspirado em gramáticas brasileiras, portuguesas e alemãs, o autor organiza sistematicamente os fatos gramaticais, tratando-os conforme a tradicional divisão em fonética, morfologia e sintaxe. Seu conteúdo vincula o ensino com a realidade brasileira ao ensinar como enunciar os cálculos ou a prova dos “Noves Fora”.
Damm
atuou no estado de Santa Catarina, onde a imigração alemã apresentou diferenças
em relação ao Rio Grande do Sul. Mais especificamente, o gramático morou
temporariamente em Florianópolis e Joinville. Fixou-se, no entanto, em
Blumenau, cujo sistema escolar resumia a experiência de regiões de colonização
mais antigas e onde se inaugurou a chamada "Escola Nova". Sua
gramática, portanto, insere-se neste contexto e, ao mesmo tempo em que preenche
lacunas no conjunto de livros escolares, impede a adoção de outras gramáticas
concorrentes, especialmente as elaboradas em outras regiões do Brasil.
Além
disso, os dados biográficos de Damm revelam uma afinidade na formação do
gramático com sua atividade de gramático. Seus estudos de filologia em Munique
cumprem etapa importante no tratamento dos dados da língua: a reflexão
metalingüística. Sua obra revela conhecimento sobre o indo-europeu e sobre o
debate comparativista de sua época. Soma-se a isso sua atuação como tradutor,
intérprete, escritor e professor, consultando gramáticas do Brasil, de Portugal
e da Alemanha. Damm tinha, pois, a capacitação para elaborar uma gramática da
língua portuguesa.
O imperialismo das línguas e das culturas francesas e inglesas foi abalado pela filosofia apregoada pela Escola de Recife. Liderada por Tobias Barreto, os intelectuais da Escola de Recife propunham olhar o mundo por outra perspectiva: a alemã. A idéia fundamental dos mentores desta Escola era a implantação de um método científico alemão, uma forma de pesquisa científica que se contrapusesse ao método francês predominante naquela época no Brasil (FREIRE, 1987). Desta forma, o germanismo da Escola de Recife encontrava nos imigrantes um segmento que poderia reforçar ainda mais seu programa de trabalho. Entretanto, os dados indicam que o relacionamento entre os membros da Escola de Recife e os imigrantes alemães no Brasil era precário, passando pela figura de Sílvio Roméro, posteriormente convicto combatente de qualquer forma de germanismo e que intermediava os contatos de Tobias Barreto e Karl von Koseritz. O fato de os intelectuais imigrantes no Brasil não adotarem nenhuma gramática brasileira da época, mas confeccionarem sua própria descrição gramatical pode significar que os alemães no Brasil salvaguardavam seu conhecimento científico e colocavam em prática, embora de forma pouco explícita, uma outra alternativa de método científico.
A
gramática de Wilhelm Rotermund, por ter sido elaborada e editada em São
Leopoldo/RS, representa o início da imigração e colonização alemã no Brasil e,
assim, as primeiras reflexões dos imigrantes alemães sobre a língua portuguesa.
A gramática de Rudolf Damm, por ter sido elaborada e editada em Blumenau/SC,
simboliza a consolidação e expansão do processo de imigração e colonização
alemã no Brasil e, portanto, sob bases mais sólidas, com imigrantes de melhor
formação intelectual, representa discussão mais sistemática e mais amadurecida
sobre a língua portuguesa. As duas gramáticas reúnem, portanto, o que há de
mais representativo de estudos sobre a língua portuguesa entre os imigrantes
alemães em território brasileiro.
Estes gramáticos podem ser considerados representativos da colonização alemã no Brasil, pois abrangem os principais núcleos em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Além disso, suas publicações foram feitas nas cidades de Porto Alegre, Blumenau, São Leopoldo e Rio de Janeiro. Por extensão, percorrem outras regiões de colonização alemã como São Paulo e Paraná. Há notícias da presença destas obras em outros países como Chile, Uruguai, Argentina e Paraguai, onde a imigração alemã foi forte e teve relações com a do Brasil.
Por fim, há uma estreita relação entre a Escola Alemã, a língua portuguesa em seu currículo e as gramáticas da língua portuguesa elaboradas pelos imigrantes alemães no Brasil. Esta relação reflete o contexto histórico da época. Além dos aspectos históricos, estas gramáticas dos imigrantes alemães no Brasil sintetizam o conhecimento lingüístico disponível na época.
Quanto melhor o domínio do vernáculo, maior a chance de integração do imigrante à sociedade brasileira daquela época. Quanto melhor esta integração, maior a possibilidade de perda do patrimônio cultural alemão. Este movimento dialético de aculturação do imigrante tem conseqüências diretas no desenvolvimento destas gramáticas.
O
resgate destas gramáticas dos imigrantes representa um passo a mais na
preservação da memória cultural dos alemães no Brasil e mais um aspecto
importante no contexto das diversas leituras e interpretações da imigração e
colonização alemãs no Brasil. O aprofundamento no estudo das relações
existentes entre questões educacionais e a língua portuguesa, mais
especificamente, a investigação detalhada das gramáticas da língua portuguesa elaboradas
pelos imigrantes alemães no Brasil significa o preenchimento de uma lacuna da
história brasileira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
AHB - ARQUIVO HISTÓRICO DE BLUMENAU - Fichas catalográficas com
anotações sobre biografia. Blumenau, SC.
2.
ANSTETT, J.Philipp. Portugiesische Grammatik für Schul= und
Selbstunterricht. Leipzig: Otto Holtze's Nachfolger, 1921.
3. BIERI, Fr. Deutsches Lehr- und
Lesebuch für Brasilien. Mit einer Anleitung zur Erlernung der
portugiesischen Sprache. 12. Auf., Krahe & Cia, 1905. [1.ed. 1876]
4. BONOW, Imgart Grützmann. Onde o sabia canta e a palmeira farfalha:
a poesia em língua alemã publicada nos anuários (1874 - 1941)
sul-rio-grandenses. Dissertação (Mestrado)- PUCRS, Porto Alegre, março, 1991.
5.
BÖSCHE, Eduard Theodor. Portugiesisch=brasilianischer Dolmetscher
oder kurze und leichtfaßliche Anleitung zur schnellen Erlernung der
portugiesischen Sprache. (Für Auswanderer nach Brasilien und zum
Selbstunterricht). Hamburg: Berlag
von Robert Rittler, 1892.
6. BÜCHLER, G. A - Portugiesisches Sprachbuch
für Kolonieschulen. 2.Auf., Blumenau: Koehler, 1924. [1.ed. 1914]
7.
DAMM, Rudolf. Lehrbuch der
Portugiesischen Sprache. Blumenau: Probst
& Filho, 1901.
8. DREHER, M. N. Igreja e Germanidade: estudo crítico da
história da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. São Leopoldo:
Editora Sinodal; Porto Alegre: Escola Sup. De Teol. São Lourenço de Brindes;
Caxias do Sul: Ed. Univ. de Caxias do Sul, 1984.
9.
FAUSEL, E. Ein Kampf um Recht und Richtung des evangelischen Deutschtums in
Südbrasilien. São Leopoldo :Verlag der Riograndense Synode, 1936.
10. FELIX, J. L. As gramáticas dos imigrantes alemães para
aprender português: índices de brasilidade lingüística. São Paulo, 2004,
564p. Tese (Doutorado em Letras) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo/USP.
11. FREIRE, Gilberto. Nós e a Europa Germânica: em torno de alguns
aspectos das relações do Brasil com a cultura germânica no decorrer do Século
XIX. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. BRA-DEUTSCH LTDA, 1987.
12. JANSEN, C. Neuestes praktisch-theoretisches
Lehrbuch der Portugiesischen Sprache. 12.Auf. Rio de Janeiro: A Gomes Pereira, 1926.
13.
JUENEMANN, J. Handbuch für Fortbildungs- und Abendschulen,
sowie für die Oberstufe der deutschen Schulen in Brasilien. Ausgabe E. São
Leopoldo: Rotermund, 1929.
14.
KILLIAN, Frederico. Rudolf
Damm, Dichter und Schriftsteller. In:
Almanaque Wille Kalender. 16. ed. Blumenau, 1960.
15. KREUTZ, Lúcio. Material Didático e Currículo na Escola
Teuto-Brasileira. São Leopoldo: Unisinos,1994.
16. RAMBO, Arthur Blásio. A Escola Comunitária Teuto-Brasileira
Católica. A Associação de Professores e a Escola Normal. São Leopoldo: Unisinos, 1996.
17.
_____. A Escola Comunitária
Teuto-Brasileira Católica. São Leopoldo: Unisinos,1994.
18.
ROTERMUND, Wilhelm. Die ersten deutschen Schulbücher. Aus Das Schulbuch, Ausgabe Juli 1917.
Manuscrito s/d.
19.
_____. Verlagsverzeichnis. São Leopoldo: Verlag Rotermund & Co.,
1917b.
20. _____. Vollständige
Grammatik der portugiesischen Sprache in Regeln und Übungsstücken. 10. Auf. São Leopoldo: Rotermund, 1937. [1.ed. 1897]
21. SEYFERTH, Giralda. A colonização Alemã no Vale do Itajaí-Mirim.
Porto Alegre: Movimento, 1974.
22. WILDHERR, Rolff v. Deutsche Männer in Brasilien. In: Kalender für die Deutschen in Brasilien, 38 Jahrgang. São Leopoldo e Cruz Alta:
Verlag Rotermund & Co., 1918.
23. WILLEMS, Emílio. A Aculturação dos Alemães no Brasil: estudo antropológico dos imigrantes alemães e seus descendentes no Brasil. 2. ed. São Paulo: Ed. Nacional (Brasiliana, 250), 1980.
[1]
"A Ética de Laotse com especial
referência à moral budista." (tradução nossa)
[2] Em Kreutz (1994, p.90) consta o livro
"Hilfsbuch zum Erlernen der
Landesprache für Kinder deutscher Schulen in den Kolonien von Brasilien",
da Editora Rotermund, em 1879, de Heinrich Meyer, professor em Lomba Grande.
[3] "Amanhã vou ficar mais tempo lá em cima com o professor de Lomba Grande para deixar pronto para impressão um livrinho de matemática. Ano passado [1878] mandamos imprimir uma cartilha, neste ano publicamos um Manual para Aprendizagem da Língua Portuguesa. O próximo vai ser um livro de cálculos e também, se Deus quiser, um almanaque. Isto tudo dá muito trabalho para escrever. Meu braço já está doendo." (tradução nossa)
[4]
"A escola é ao lado da igreja uma das instâncias de formação básica do
povo e é de significado decisivo para o nosso patrimônio cultural alemão no
estrangeiro. Nesta constatação ele esboçou sua tarefa: suprir com livros
escolares baratos a necessidade material de nossas escolas que atualmente se
encontram em grande parte no mais primitivo estágio." (tradução nossa)
[5] "Cada um se apresenta como foi feito pela natureza e pela educação. Mas é consenso que os alemães ganharam atenção geral e grande fama através de sua atitude e de seu trabalho em casa, no campo, no comércio, nas fábricas, na escola, na Igreja e nas repartições públicas, no âmbito privado e nas sociedades.""(tradução nossa)
[6] "Não é outra coisa senão seu patrimônio cultural alemão, quer dizer, porque eles falam alemão, pensam em alemão, vivem como alemães e têm costumes e hábitos alemães, força e ideais alemães. Enquanto eles preservarem seu patrimônio cultural, eles desempenharão algo excelente, apesar do número reduzido deles. Mas se abrirem mão disto, então vai-lhes acontecer o que aconteceu com diferentes tribos germânicas [...] porque eles se adaptaram às línguas românicas e com isto adotaram as visões e o modo de vida dos romanos." (tradução nossa)
[7] "Claro que é recomendável [...] que todo alemão aprenda também a língua portuguesa nacional e oficial. Mas quem torná-la a língua da família e por isso adotá-la como língua materna para seus filhos, este está dando um passo muito determinado para o enfraquecimento da estirpe alemã na nossa pátria, o Brasil. Certamente nossos filhos devem conhecer nas escolas a língua e a história do país, mas devem sobretudo aprender a língua e a história da própria estirpe; e a história, o ensinamento e a doutrina de nossa religião cristã, que lhes devem ser transmitidos, só pode ocorrer em língua alemã."(tradução nossa)
[8]
Dreher observa que Rotermund não defendia a tese, mais tarde comum, de que a
função da Igreja de preservar a germanidade seria uma ordenação da criação (Schöpfungsordnung). (1984, p.92)
[9] "Para o Dr. Rotermund não se
separa em absoluto a Igreja Evangélica de Germanidade; não só porque para ele
ela é adequada no Rio Grande à luta pela Germanidade, mas também porque ele
considera a fusão de alemão e evangélico histórica, psicológica e
substancialmente fundamentada." (tradução nossa)
[10]
"[...] o amor pela cultura alemã e a luta pela conservação da língua
alemã, pois se perdermos esta de vista, então cairemos no mecanismo popular e
não teremos mais nenhum valor a não ser como "adubo cultural" e não
mais como colaboradores do progresso mundial."
(tradução nossa)
[11]
"O patrimônio cultural não se acaba quando a gente aprende o português,
mas sim quando se descuida da própria língua materna." (tradução nossa)
[12] "A verdadeira língua portuguesa não é nenhuma língua primitiva, porém uma bela língua literária." (tradução nossa)
[13] "Ele era um dos poucos alemães da Alemanha que viam sua missão de vida no Brasil, que procuravam entender o brasileiro com todo esforço de seu espírito e de sua vontade e que dominavam a língua portuguesa com maestria - e que, apesar disso e por isso mesmo permaneciam o melhor alemão." (tradução nossa)
[14] “Além de muitos contos e novelas, Rudolf Damm escreveu considerável número de poemas nos quais ele declama nossa paisagem divina e os trabalhos dos colonos”. (tradução nossa)
[15] Quarta estrofe do poema Die Pioniere - Os pioneiros de Rudolf Damm, publicado no Gedenkbuch zur Jahrhundert-Feier deustcher Einwanderung in Santa Catharina, 1929: “Eles. constróem ruas e estradas/ e colhem o fruto dos campos/ arquitetam pontes e travessias/ atrevidamente sobre gargantas de corredeiras/ agitam suas mãos calejadas/ incansavelmente de dia e à noite/ Por onde se voltam os olhos/ desperta nova vida”. (tradução nossa)
[16] "Por toda sua atividade como professor e escritor ele adotou o lema "à minha índole nacional alemã na nova pátria". Tomado somente por este pensamento ele agia incansavelmente para familiarizar a imensa massa de compatriotas em seu novo lar com toda beleza ... e assim ele traduziu do português para o alemão muitas impressões e poemas de forma completa." (tradução nossa)